IMAGEM DESTACADA: Uma das jóias do Central.
AS APARÊNCIAS ENGANAM
e novamente nos deixamos ludibriar pela arquitetura “clean” da fachada do Central.
Que chamasse atenção, a poderosa moldura da porta principal que me remeteu ao portal do Templo de Ísis, ainda localizado na Ilha de Philae em 1988.
Já devíamos saber que assim que transpuséssemos aquele imenso pórtico, alcançaríamos mais uma filial do Paraíso ao qual pertence a saborosa, colorida e exótica culinária peruana.
Muitos restaurantes de Lima são assim: arquitetura minimalista por fora, mas, por dentro, templos sofisticados onde reinam, absolutos, famosos chefes.
A maneira como o peruano lida com a apresentação de seus pratos é, literalmente, teatral e cinematográfica. Projeções sobre as mesas é o exemplo do IK, que as desliga logo que tenha início o primeiro ato: a chegada das entradas à mesa do comensal.
Pedras quentes sobre um sousplat de cerâmica ladeiam algumas iguarias servidas no Central, a fim de mantê-las quentes.
A rudeza de pedras quase in natura contrasta com delicadas delícias para as quais servem de suporte e…
… belíssimas guirlandas levam-nos a comê-las com os olhos, antes mesmo de levá-las à boca.
A utilização de materiais simples no serviço, somados à sofisticada apresentação dos pratos, fazem toda a diferença quando ambos são bem empregados. E essa combinação não depende de vontade, mas de conhecimento – e isso, o peruano tem de sobra quando o assunto é comer.
É como se o alimento fosse o mais precioso dos minerais e por isso é preciso lapidá-lo com muita atenção e carinho.
Além disso, como são muitas as filiais do Éden em Lima, a concorrência pressiona e cada chef acaba levando o inimaginável em termos de arte para seu prato. A culinária peruana é cuidadosa e riquíssima em detalhes.
Cozinha visível de onde quer que você esteja.
Puro requinte para quem está atento: as cores dos pães redondos combinam com as manchas do corte da pedra, e o Pão de Folha de Coca combina com o verde do patê que lhes serve de complemento.
Pão de Folha de Coca. Valeu tê-lo experimentado, mas o pãozinho menor era bem mais saboroso.
No segundo andar fica o bar.O restaurante conta com horta e conserva chocolates em caixa de madeira especial, a fim de conservar seus sabores.
Além disso, a água que é servida aos comensais recebe tratamento especial no próprio restaurante.
O que dizer do Central, que já foi considerado o melhor da América Latina?